quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Poesia

Quando começo a fazer citações é porque já bebi muito.
Gosto de beber.Tem poesia e beleza nas bolhazinhas de champanhe,em um copo de vinho que levou muito tempo para chegar ali.Um copo de cerveja espumante carrega em si a história da humanidade.
Não gosto de beber muito porque perco a referência da beleza, como não gosto de beber sempre.
Acontece,às vezes, que as citações me alcançam esponteneamente.
Hoje a beleza de uma citação me catapultou em um mundo de poesia.Uma poetisa que conheço através da uma rede social,Beatrice Nicolai, publicou uma poesia de Adélia Prado , traduzida em italiano.
Beleza em duas línguas,sensibilidade que não se perde em palavras escritas de modo diferente mas significando a mesma coisa.
Veio a vontade de embriagar-me nas palavras dessa grande mulher.É grande porque é, porque nunca teve a intenção de ser.

Peço licença para compartilhar um dos seus poemas.

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
-- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Adélia Prado

Nenhum comentário:

Postar um comentário